O mexerico á algo de profundamente nacional. È uma forma insidiosa de extravasar as frustrações de quem é pequeno e está habituado a ser reprimido. Existe a todos os níveis, profissional e pessoal.
Quem já não escutou longas conversas onde ninguém está "a dizer mal", está-se mesmo a remexer na vida alheia. Existem duas formas mais comuns do mexerico, aquele que pretende ser "discreto" e só se passa ao melhor amigo e aquele que tem que ser "publicado" para ganhar dimensão de verdade. Uma norma comum no mexerico é que este nunca é usado para elogiar, é sómente para manchar ou denegrir alguém.
Vem a propósito que nunca li nenhum dos livros do MST ou mesmo do EPC, tinha até um pequeníssimo ódio de estimação por ambos, mas desde que tenho lido a polémica que se instalou sobre os plágios e quejandos tenho sentido vontade de os ler. Principalmente quando se avolumam as evidencias que quem os acusou de tal foi somente movido pela publicidade gratuita, pelos seus 15 minutos de fama.
Nos empregos passa-se o mesmo, sendo dois os temas mais quentes. O salário mais regalias e a promoção. Tanto um como outro na versão mexerico são conseguidos em troca de subserviencia, leia-se "lambe-botas", ou troca de favores, se forem sexuais tanto mais picante e melhor. A competencia ou esforço são conceitos que não existem. Caso haja suspeita de corrupção tanto melhor, neste caso o estatuto é elevado à categoria de "esperto".
É por este conceito ser tão português que devia funcionar como motor da economia, devíamos aproveitar e exporta-lo, adaptá-lo, melhorá-lo, torná-lo mais apelativo. Enfim tornar o mexerico mais europeu, talvez assim deixassemos de o usar.