03 janeiro 2007

Rotas de Inclusão II

Na sequência do meu último texto fiquei com àgua na boca. Não por causa dos restaurantes chineses, que me são indiferentes, mas por causa da comida Indiana.
Quando os animais falavam, mais ou menos no tempo do Noé, os restaurantes eram um factor intelectual, mais ou menos como os vinhos tintos são na actualidade. Não se escolhia um restaurante pela moda ou pela rapidez no serviço, era uma escolha baseada em factores insondáveis que deviam incluir uma sala agradável, um menu ao nosso gosto, preço à nossa medida e além do mais ser tão recondito e exclusivo quanto possível.
Foi numa destas escolhas que passam de pais para filhos que conheci o Cantinho da Paz, herdeiro da tradição do Velha Goa. Este era ali para os lados de Campo de Ourique, ainda antes deste se ter tornado moda e ser um lugar decente para fazer vida de bairro sem ter de aturar os "tios" cheios de Jeeps para fazer compras nas Amoreiras, aliás, não existiam Amoreiras. As ditas eram uma Rua de Villas de operários. O nascimento de Campo de Ourique foi consequência da plataforma ferroviária de Alcantara e portanto um lugar de baixo custo. Era o lugar de residência dos ferroviários que devido à relativa estabilidade de emprego que a CP proporcionava se converteram numa classe média/baixa.
Foi aí que se formou o Mestre Sebastião, Goês empreendedor que percebeu que podia aproveitar os seus dotes para nos brindar com uns Vindalhos e Sarapatéis antecedidos de uns bojés de alto coturno e monta o seu Cantinho ali para São Bento.
Bem haja. A ele devo o facto de comer picante até ficar com a boca dormente numa competição doentia com mais uns quantos amigos. Com uma garrafeira Intelectual por excelencia, os tintos são o melhor amigo do picante. Recomendo uma visita. A decoração e a vizinhança são o melhor amigo da clientela assídua, descubram porquê.
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