15 maio 2006

O despertar da consciência

Tenho ultimamente vindo a constatar a enorme quantidade de opiniões que a Igreja tem vindo a enviar aos seus fiéis. São opiniões de natureza Moral onde pretende clarificar ou reforçar ideias antigas postas em causa pela evolução dos tempos. Temos então a questão do uso do preservativo, posto em causa mais uma vez, temos a questão da castidade e da virgindade antes do casamento.

Nada destas “preocupações” da Igreja são novas e as suas ideias também não são. O que me espanta, ou talvez não, é a sua reintrodução como temas de debate público. Assistimos a um desabar de opiniões dos mais variados elementos do clero reforçando a importância destes assuntos sobrepondo os mesmos aos temas mais “terrenos” da economia, desemprego ou mesmo tensões internacionais. Há afirmações, inclusive, do clero dizendo que estas questões são consequência do desmande moral que se assiste a nível mundial.

Na minha opinião esta súbita tomada de posições e a importância que se tem dado ás mesmas é consequência do desnorte que a classe política sente em debelar os problemas efectivos das populações. Perante a falta de resposta do poder político de Direita em países tão importantes como os EUA, a França, a Inglaterra, a Itália, a Igreja vem assumir-se como o bastião moral e vector de união que lhe é típico e necessário ante males maiores. Longe vão os anos 30 em que populações desesperadas e famintas se abrigaram em salvadores da pátria com cunhos marcadamente ditatoriais.

A Igreja nessa altura tomou duas posições perfeitamente claras em Espanha e Itália e deixou em aberto a posição a tomar na Alemanha. As condições de vida e a velocidade e permeabilidade da informação tornam pouco críveis que as mesmas situações se repitam, mas a Igreja, no alto dos seus 2000 anos de história sabe que pode ser a única força Ocidental com a capacidade de tocar a reunir. Antecipando algum “disparate” lança recados em todas as frentes e deixa uma mensagem clara, a Direita tem que se reconstruir e manter a sua unidade.

Numa dimensão nacional os sintomas são mais ou menos os mesmos. Temos uma direita política sem líderes carismáticos e suficientemente fortes para, aproveitando a onda de descontentamento popular previsível, impor uma mudança da opinião pública a seu favor.

Temos então um Governo a navegar á vista do seu líder, mas todo ele cheio de contradições e de medidas fortemente antipopulares, sem resultados, ainda que a prazo. Todos os estudos económicos feitos por entidades independentes apontam num lento mas inexorável afastamento dos nossos padrões de vida relativamente á restante Europa. Mas estes dados em pouco afectam a imagem que temos do nosso PM.

Sendo assim a Igreja portuguesa não faz diferentemente do resto do mundo e assume a sua capacidade de mobilização. 400.000 pessoas é obra, nunca Fátima tinha visto tal multidão. Não creio que seja uma súbita Fé militante, acredito mais que seja a demonstração cabal de quem sabe o que faz. Juntar a descrença na classe política dirigente e dar uma direcção e recado, estamos aqui. Contra a opinião da classe intelectual, normalmente tida como de esquerda, e com o apoio do “povo”.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ou seja descrença na politica e um aumento de catolicismo???
Talvez... quem não se lembra de deus nas dificuldades??? :)
Igreja e politica...politica e igreja... um ´Déja-Vu...

1:20 da manhã  
Blogger Teresa Durães said...

Nas alturas de maior dificuldade a Igreja tem um peso muito grande.

Não sou Cristã mas por vezes concordo com algumas posições.

Este Papa apelou à meditação e para mim faz todo o sentido.

Mais do que as pessoas andarem tipo baratas tontas, faz bem pensarem no que realmente querem para tomarem uma posição e não deixarem ser mais manipuladas do que são.

11:01 da manhã  
Blogger 125_azul said...

Quando a vida fica bicuda, o povo pega-se com Deus...

7:52 da tarde  
Blogger Teresa Durães said...

(não sei se expliquei tudo o que queria)

Para além do que disse, a igreja também aproveita-se desta época de crise para arrebanhar mais uns fiéis. Nada como a miséria para mostrar que só a igreja os salva...

10:32 da tarde  
Blogger Teresa Durães said...

(não é futebol, out of time)

11:38 da tarde  
Blogger Teresa Durães said...

Out of context: Um post alegre para não dizerem que sou sorumbática... lá no Voando por Aí

10:17 da tarde  

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