25 março 2009

Coisas simples..

As necessidades e preocupações são em função da nossa vivência ou da nossa capacidade financeira?
Aqui hà uns anos atrás, 20 para ser mais concreto, fui passar as minhas férias no estrangeiro num campus universitário. O campus seria uma forma de juntar dois em um. Por um lado contribuia-se com o nosso trabalho para a construção de um parque infantil e por outro era a forma de conhecermos o país e pessoas,tal como eu, de outros países. Isto passou-se num ex-país do Leste Europeu.
As pessoas tinham as mais diferentes origens e motivações para ali estar. Maioritariamente eram de países de Leste também, no entanto havia uma componente de pessoas oriundas do Ocidente. A maior motivação para os "Ocidentais" era obviamente ver o que se passava para lá do "Muro". Era uma espécie de voyerismo sociológico. Havia os defensores e os detractores do regime.
Depois de identificadas as diferentes origens de cada um de nós começámos a apontar em que isso se reflectia no nossos comportamentos e hábitos. A grande diferença que se notou rápidamente foi o tipo de preocupação e aspirações que tínhamos. Enquanto os "Ocidentais" se preocupavam com as Liberdades de expressão ou credo religioso, preocupações essencialmente de natureza ideologica ou moral/éticas, os de "Leste" tinham preocupações muito mais comezinhas. Preocupavam-se com questões de natureza material, paradoxalmente. Para diferentes preocupações diferentes soluções. Os "Ocidendais" encontravam respostas em "terapias" alternativas. Procuravam as respostas em livros de Filosofia, de História, de Religiôes. Os "de Leste" tinham duas grandes soluções. Enquadrar-se o melhor possivel dentro do Regime, isto significava acomodar-se dentro do Partido, ou, em alternativa, "dar o salto" para o Ocidente. Nem uma solução nem outra tinham grandes preocupações metafísicas, basicamente era "desenrascarem-se" dentro das opções possíveis.
Fazendo uma analogia com o presente constato que actualmente subsiste o mesmo problema noutra escala.
É a diferença entre as pessoas que têm capacidade financeira e as outras. As pessoas que "podem" tentam encontrar a "felicidade" em soluções cada vez mais elaboradas e "alternativas". Religiões exóticas, alimentação "natural", actividades ZEN, cultura erudita e exclusiva, ginásios sofisticados. As pessoas que "não têm como" preocupam-se em esticar o salário até ao final do mês e encontrar a felicidade num qualquer encontro de amigos que meta umas cervejas, umas bifanas e uma música dançavel.
Na realidade o objectivo é o mesmo, a forma de lá chegar é que é extremamente mais complicada num caso que noutro. Complicada e dispendiosa.
Mas será que nos esquecemos como as melhores coisas da vida são as mais simples? Ter as pessoas certas ao nosso lado e fazer por ter tempos para disfrutar da sua companhia, fazer pequenos gestos de solidariedade, apanhar sol á beira rio, ler um livro, ter tempo para passear "perdido"...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não sei onde encontrar a felicidade, não sei, sequer, se é coisa que se encontre, mas sei que, se houver algum lugar onde procurar, esse lugar não é longe de nós. Essa viragem para dentro permite-nos demorar o olhar para fora e disfrutar o que verdadeiramente interessa e que é, afinal, estupidamente simples. "We´ve got to get in to get out"
H

11:12 da tarde  
Blogger Out of Time said...

Depois de muito pensar no assunto concluo algumas coisas. A felicidade não se encontra, é um estado de espirito. Quem "procura" a felicidade é porque não é feliz e "procurar" não é solução. Pressupoe realmente uma busca interior mas que antes de mais exige que se perceba o que queremos da vida e estarmos abertos ao risco, ser feliz não é uma coisa necessariamente placida, pode ser paradoxalmente conflituosa. Muitas vezes temos a felicidade diante dos olhos mas esta requer "trabalho", requer riscos, requer compromissos. Felicidade não é sinonimo de "dolce far niente".

11:59 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker